terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

*Tela do pintor espanhol José Royo

O que me fortalece é saber que a cada jornada
tenho teu hálito ruborizando e se refestelando
no meu corpo, em minha pele. 
E isso guardo como cicatriz 
por debaixo de minhas frágeis vestes.


Shannya Lacerda

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Saudade é nome que não cabe em letras, 
as letras transbordam e o sentimento esvai-se pelas mãos. 
Saudade é sempre presente quando o que se há 
é boa recordação e esta será sempre presente 
pelo tempo vivido e pelo tempo que virá.

*Do pintor espanhol José Royo

Saudade é um longe tão perto que chega a ser irônico, 
mas é na ironia, nessa ironia que vemos o que nos é somado ao coração.


por Shannya Lacerda

sábado, 5 de fevereiro de 2011

À balzaquiana
senhora, dona de si.
Escolhe com sabedoria e desvelos,
com visão mais aguçada,
não atirando contra si
algozes outros, que ficaram
no passado e que não voltarão
para lhe afligir.

A balzaquiana senhora
tem sorriso doce em feições graves,
tem olhar singelo em olhos vermelhos,
tem amenidade na acidez dos dias.
Pois sabe que e por tudo o que passou
seu talhe e tez é de bambu
– verga, mas não tolhe,
a menos que tolhida, a última ceiva.

A balzaquiana senhora
sabe que os dias e a idade
só serviram para lhe deixar
mais sensata e dona de si.

05/02 de 2011

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011


Hoje guardei minha vida na página do livro que esvaziei. Contei-lhe tudo. Contratei minha vida a seu simulacro de vida. Expurguei-me de minha fortuna e me entreguei sem reservas ao que o espírito me impelia. Passiei pelas linhas construídas, inventando músicas e histórias para minha entrega e abandono às folhas esbranquiçadas, carcomidas e/ ou manchadas ora de lascívia, ora de introspecção, seja como for me dei aos meus e os meus a mim se dão, num atavio perfeito de entrega sem discurso e sem permissão.
Confiei à ela tudo pelo qual já passei e pelo o que um dia revisitei nos sonhos, nos olhares, nos gestos cálidos do amigo próximo: o livro que dantes folheei.