Hoje guardei minha vida na página do livro que esvaziei. Contei-lhe tudo. Contratei minha vida a seu simulacro de vida. Expurguei-me de minha fortuna e me entreguei sem reservas ao que o espírito me impelia. Passiei pelas linhas construídas, inventando músicas e histórias para minha entrega e abandono às folhas esbranquiçadas, carcomidas e/ ou manchadas ora de lascívia, ora de introspecção, seja como for me dei aos meus e os meus a mim se dão, num atavio perfeito de entrega sem discurso e sem permissão.
Confiei à ela tudo pelo qual já passei e pelo o que um dia revisitei nos sonhos, nos olhares, nos gestos cálidos do amigo próximo: o livro que dantes folheei.
Folhas em branco nos dizem muito também. Gostei muito do seu texto, achei muito intenso, falou de simulacro. Acho que somos todos simulacros, ou quase, ainda que tenhamos aprendido o vício da verdade e da linha reta. Voltarei, espero.
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